Esperar… esperança… esperançar! | Falando com pais (10/12)
Há um clássico do samba, que jamais pode faltar no repertório das músicas de final de ano, nas festas em família, entre pessoas queridas e amigos. A música “O Que É, o Que É?”, de Gonzaguinha, é daquelas que faz o coração vibrar mais ritmado, faz bater mais forte e nos convida a cantar e afirmar que a vida é bonita, é bonita, é bonita!
Eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita!
Final de ano, mais uma etapa se encerra e vem aí uma nova oportunidade, um novo momento, uma nova página para se escrever na História de nossas vidas. E um ingrediente que jamais pode faltar e que faz total diferença no tempero da nossa existência, é sem dúvida a esperança. Muitas vezes relativo a uma virtude, isto é, a uma qualidade moral relacionada à construção da nossa personalidade, a esperança é incluída na tríade – fé, amor e esperança – como manifestação fundamental de boas expectativas que nos impulsionam, nos motivam a acreditar em tempos melhores.
Da crença nela, surge espaço para a vida, para dias melhores, para o amanhã, para a perseverança, para aquela certeza de que algo é possível mesmo quando tudo indica o contrário. Nas palavras do filósofo Mário Sérgio Cortella, esperança provém do verbo esperançar, e não combina com o sentido de esperar, como ele mesmo afirma – “Espero que dê certo, espero que resolva. Isso é espera, não esperança. Esperançar, que é de onde vem a palavra esperança, é ir atrás, não desistir”, assim explica, em um dos seus vídeos.
Diante dessa reflexão imagine conjugar o verbo esperançar – eu esperanço, tu esperanças, eles esperançam. Há uma certa estranheza, já que não estamos acostumados a pensar a esperança como verbo, como uma palavra ativa, inserida no nosso vocabulário diário.
Mas é fato que essa virtude, esse sentimento não é fácil de ser mantido, mesmo porque passamos por inúmeras experiências, algumas, por vezes, difíceis na vida e é natural, portanto, diante das novas vivências, sobretudo de um novo ano, sentir medo e insegurança. Contudo, ao manter um coração esperançoso adquirimos coragem aos entraves da vida, os problemas, os obstáculos passam a ter solução. Os desafios passam a ser situações com respostas, com resoluções.
Ainda que a esperança não seja uma característica inata a nós, ou seja, não nascemos com ela, nós podemos, no entanto, desenvolvê-la ao longo da vida, acreditando que essa virtude, como outras, é necessária e imprescindível ao desenvolvimento integral humano – como cidadão, como indivíduo. Façamos por onde, façamos esforços, façamo-nos forte e resilientes nessa trajetória única e especial que é a nossa vida! Um abençoado Natal e um 2022 carregado de esperança do verbo esperançar!